segunda-feira, janeiro 07, 2008

Ele não sabia ao certo o que viveu há dois anos, passava por um momento difícil, de falta de esperança, ânimo, onde ao invés de luz apenas via escuridão no fim do túnel. Sempre mais daquela mesmice era o que ocorria em sua vida, mas naquela noite, naquela noite, fria, chuvosa, as coisas tomaram um rumo inesperado.
Durante muitos anos, foi uma pessoa devota a Deus, com valores e princípios fundados na religião, todavia, nenhuma de suas angustiadas preces eram ouvidas, quanto mais pedia por um milagre, mais distante se via de seus objetivos. Seus pais achavam que eram crises existenciais, problemas da adolescencia, falta de identificação, qualquer coisa que explicassem seu comportamento, para não terem que admitir o que realmente se passava.
Mas naquela madrugada, ouviu de seu quarto as discussões de seus pais sobre ele, os gritos o ensurdeciam e o entorpeciam, ouvindo sua mãe culpar seu pai por tudo que se passava, dizia que sua distância tinha tornado o filho dela nesse sociopata autodestrutivo que se tornara. Seu pai, seu admirado pai que o colocou pra dormir tantas vezes. Sua mente se deslocava de cima para baixo, foi quando se deslocou até o banheiro para tomar seu banho noturno e ir pra cama, a água quente o fazia sentir-se mais frágil, seu corpo inteiro parecia estar envolto por uma camada muito frágil que a qualquer momento poderia romper-se esvaindo sua essência e com ela levando embora todas as angústias e pensamentos que assombravam sua cabeça. Olhou em volta e reparou naquele artefato que o arrebataria levando-o para onde seus pensamentos esvaiceriam. Foi quando utilizou de tal para mudar a situação em que se encontrava, sentindo sua essência escorrendo pelo chão, como água, sentia a dormência, dormência existencial.
Se ele se arrependeu ou não, isso é algo que nenhum narrador seja observador ou não poderia dizer, mas em seus olhos, estava a grande dúvida da existência que o levou pro mundo onde os problemas dormem e as almas cansadas finalmente descansam.

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