terça-feira, fevereiro 28, 2012

desprendido

Foi tudo pro lixo. Os cintos, as letras, as canetas, os fios, os laços, o que um dia teve tanta significância agora está no lixo. Eu escuto as pessoas dizerem que o que importa se leva dentro da gente. Mas, se isso é verdade, por que o que atribuímos a objetos e a momentos se espaira no ar como grãozinhos de areia? 

Joguei tudo fora. Há meses me sentia um estranho dentro do meu quarto. Há anos me sinto um estranho dentro de mim mesmo. Noto isso quando vejo meu reflexo por acidente ou por intenção mesmo. Muito tem dentro da minha cabeça, dentro das minhas seguranças, das minhas inseguranças, dentro das minhas palavras vazias. Coisas que hoje eu não sei enumerar especificamente mas que à medida em que escuto o meu diálogo vou dando conta. 

Ouvi de você que tudo está se acabando e eu apenas não quero verbalizar. Bem, vou verbalizar agora que não quero ninguém verbalizando nada por mim. Eu sei dizer o que sinto, eu tenho voz, eu tenho força dentro de mim pra fazer o que eu quiser e eu só posso dizer que não tenho como controlar ninguém, principalmente você que em minha mente, vejo como areia em minhas mãos e mesmo eu as fechando seus micro pedaços voam por meus dedos. Já ficou claro que tudo mudou, eu entendi. Dentro de mim só não mudou a vontade de te amar. A vontade de estar ao teu lado apenas rindo ou com tédio. 

O que é isso? Por que perguntei o que é isso? Por que eu não quero mais falar sobre isso? O que é inconsciente e consciente? Eu não sei mais, não existe linha separando meu presente do passado. Apenas uma linha que separa o meu futuro, ou o que espero dele. Por que me manténs acordado, por que tens essa capacidade de me desestruturar? Eu te fiz minha base? Me erra. Me ama. Me tem como o irmão que eu te tenho. É só o que te peço. Ou o muito que te peço. Eu posso pedir? Eu devo pedir? A resposta é clara dentro de mim. 

A verdade é que foi tudo pro lixo com excessão dos meus sentimentos. Eu apenas dei espaço pra outras coisas virem. Outros objetos de decoração. Para visitas verem-me da forma como me vejo, ou da forma como queria ser visto. Ai meu coração. 

Pergunto tudo isso à você, Jonas? Ou a você, Abraão? A resposta à essa pergunta é clara como a água. Está tudo dentro de mim. Jonas não é Abraão. Jonas é amigo de Davi. Abraão é origem, fornecedor de sementes. Boas e ruins.

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